Como o recente acordo temporário de tarifas pode influenciar nas projeções de lucro das empresas nos Estados Unidos e os efeitos no mundo da desescalada, destacando os efeitos sobre a economia brasileira e norte-americana. O downgrade do rating dos EUA.
Moody’s rebaixa EUA
Há um tema especial que é o privilégio exorbitante que os Estados Unidos tiveram ao longo desses anos todos, dessas décadas todas de mercado financeiro, de ter a sua moeda, de ter a moeda de reserva do mundo, de ser a maior economia e a mais influente economia do planeta. Segundo Maria Irene Jordão, analista internacional do reserach da XP, publicaram um relatório na semana passada falando sobre que o mercado está questionando esse privilégio exorbitante.
Publicaram sem antes saber que a Moody’s, agência de classificação de risco, rebaixaria em poucos dias a nota de crédito dos Estados Unidos. A Moody’s, atribuía ao país a nota de crédito AAA, que representa o mais alto nível de confiança na capacidade de pagamento da dívida. Diante de preocupações fiscais crescentes, especialmente relacionadas ao déficit orçamentário e ao aumento da dívida pública, a agência decidiu rebaixar a nota de AAA para AA1, um degrau abaixo.

Embora o novo rating ainda indique um risco de crédito muito baixo, o rebaixamento envia um sinal importante aos mercados sobre o enfraquecimento da posição fiscal dos EUA — algo que pode impactar os juros futuros, a atratividade dos títulos americanos e a percepção de estabilidade da maior economia do mundo.
EUA em downgrade
Esse não é um evento isolado. a S&P já havia rebaixado a nota americana em 2011, evidenciando uma visão cada vez mais crítica sobre a sustentabilidade fiscal do país. A Fitch também rabaixou a nota de crédito americana em 2023 por preocupações com sustentabilidade fiscal. Agora em 2025, a Mood’s, o motivo central foi a deterioração contínua das contas públicas com déficits elevados, aumento da dívida e juros mais altos sobre os títulos do Tesouro. Todos os cortes das três agências foram na mesma proporção, um grau de rabaixamento.
Cortes de impostos agravam o quadro
A dinâmica fiscal preocupa. Recentemente, o Congresso aprovou mais um pacote de cortes de impostos, o que pode ampliar ainda mais o déficit nos próximos anos. A falta de clareza sobre um plano de ajuste fiscal estruturado, algo que já vinha sendo criticado no governo anterior e se mantém no atual, contribui para a deterioração da percepção de risco.
Além das contas públicas, pesa sobre a credibilidade americana um questionamento institucional que ganhou força desde o governo Trump. O aumento agressivo de tarifas comerciais, sobretudo contra a China, e a instabilidade política interna também afetam a imagem dos EUA como porto seguro global.
Fuga de ativos americanos
Na semana passada, houve um breve alívio, o dólar se valorizou, o euro caiu para abaixo de 1,11, e os mercados voltaram a atrair capital. Mas esse movimento de se inverteu rapidamente com o downgrade da Moody’s. Aversão a risco voltou com força, o euro se valorizou frente ao dólar, e os investidores passaram a vender títulos do Tesouro americano. Os reflexos no mercado são claros:
- A Treasury de 10 anos subiu para cerca de 5,60%,
- A Treasury de 30 anos ultrapassou os 5% — patamares não vistos há bastante tempo.
Isso indica que o preço dos títulos está caindo (por venda generalizada) e os juros subindo. O recado dos investidores é direto – confiança em queda na solvência e estabilidade fiscal dos EUA.
Atividade econômica na China
A China publica os seus dados de atividade econômica uma vez por mês, todos no mesmo dia, esse dia foi 19 de maio e não vieram bons, vieram ok ou razoáveis, não mostra uma desaceleração muito forte atualmente, mas mostra uma desaceleração adicional frente a um primeiro trimestre que já vinha fraco, logo, produção industrial e vendas no varejo crescendo menos.
Investimentos em ativos urbanos também desacelerando e isso com pouquíssimo efeito das tarifas do presidente Trump, dados de abril, estava acabando de ser anunciado alta das tarifas. A perspectiva é que esses dados ainda piorem a frente, a percepção de que a China estava desacelerando vem se confirmando e isso pode piorar no futuro próximo.
Mesmo com o acordo feito recentemente, diminuindo tarifas muito elevadas, ainda são tarifas relativamente altas, em torno de 10% a 30%, isso tende a fazer um efeito adicional sobre produção industrial, exportações e mesmo vendas no mercado interno dos produtos chineses, vamos acompanhar o desdobramento.
Fiscal volta ao centro no Brasil
Após semanas focadas no cenário internacional, o mercado brasileiro voltou a se preocupar com o risco fiscal doméstico. Rumores sobre um possível pacote de expansão fiscal para recuperar a popularidade do governo foram negados pela Fazenda, que, ao contrário, sinalizou contingenciamento entre R$10 e R$20 bilhões no próximo relatório bimestral, a ser divulgado em 22 de maio. A execução fiscal está sob pressão, com queda na arrecadação esperada e aumento de despesas, como as do INSS, cuja fila de espera já soma mais de 600 mil pessoas só neste ano.
Você pode querer ver também: China cede à pressão de Trump e baixa tarifas ou Relatório americano NTE que analisa barreiras comerciais estrangeiras.
Gripe aviária preocupa setor externo
O Brasil detectou novos focos de gripe aviária em Tocantins e Santa Catarina, elevando a tensão no agronegócio. Até agora, nove países já suspenderam as importações de frango brasileiro, o que pode gerar uma perda de até US$ 1 bilhão em exportações.
Bolsas em alta, mas dólar pressiona
Apesar do downgrade dos EUA pela Moody’s, os mercados internacionais seguem em recuperação, o Nasdaq subiu quase 7% e o S&P mais de 5% na última semana, voltando próximos às máximas históricas. No Brasil, o Ibovespa também subiu e se aproximou dos 140 mil pontos, mas ainda está longe das máximas reais quando ajustado por inflação e dólar. Setores domésticos lideraram os ganhos, enquanto o câmbio e a renda fixa sentiram a pressão do fiscal.